sexta-feira, 1 de abril de 2016

Ressurreição Bordada



Bordado livre feito a mão é uma arte quase esquecida. Li outro dia numa revista que jovens estão tentando resgatar este trabalho manual. A lembrança de ver suas avós bordadeiras com o tecido, a agulha e as cores nas mãos despertou  a vontade de aprender esta arte.

Eu gosto de bordar,  ver o desenho aparecendo aos poucos, sentir a tranquilidade de trabalhar devagar, pois não tenho prática , meditar sobre o que o desenho representa para mim, pensar na pessoa para quem desejo presentear, ou simplesmente saborear o momento.
Para celebrar a Páscoa do ano passado, bordei o estandarte da foto anexada neste post. Foi uma preparação pessoal para a Páscoa. Ao longo da confecção do bordado, lembrei-me que Jesus foi preparando os seus discípulos aos poucos , em vários momentos diferentes, bem devagar, porque eles não conseguiam visualizar o que Ele queria ensinar, não entendiam a Ressurreição.

Para Páscoa deste ano, queríamos conosco, em nossa casa, as crianças da Casa Naim (Abrigo de crianças e adolescente em situação de risco), aquelas crianças mais achegadas a nós, as que tem bordado em nossa vida, estampado dentro de nossas lembranças: seus sorrisos, suas histórias, suas conquistas e seu jeito de ser. Elas bordaram nas “dobras de nosso coração” como dizia Santa Clara, para nunca esquecermos delas.

Outras  famílias acolhedoras reportaram suas experiências para nós, este ano bordamos a Ressurreição juntos, cada família, do seu jeito, cada uma em sua casa.

Uma família, fez seus próprios ovos de Páscoa, mãe e filhas juntas na cozinha preparando as surpresas para a criança acolhida que passaria a Páscoa com elas, o Pai cuidou do churrasco no domingo e o coelho da Páscoa se encarregou do “caça aos ovos” com pistas pela casa toda. Eles convidaram seus familiares e a alegria da partilha foi enorme. Esta mãe estava muita emocionada em reportar a alegria de ver suas filhas dividindo tudo: casa, cama, mesa, pessoas , brinquedos e chocolates com a criança que chegou para fazer parte.

Outra família, viveu cada dia com muita delicadeza neste feriado, com outra criança da Casa Naim. Madrinha e afilhada: pintaram, nadaram , passearam, dormiram, tudo juntinhas! Teve até uma oficina de macaron que outros membros da família vieram ensinar. E a madrinha virou A Fada do Dente, pois o dentinho da criança caiu!

Lindo também, foi a família que levou a criança para sua casa e participaram das celebraçoes de Pascoa na Igreja. Corações que se encontram na mesa do Senhor!

A nossa história foi assim:

No sábado de aleluia logo pela manhã já estávamos todos juntos, eu, meu marido, meu filho e mais 4 eufóricas crianças. Neste dia, aproveitamos para comemorar o aniversário de 8 anos do meu filho, que já estava se aproximando.
Brincaram a tarde toda até à noite, uma grande farra, depois do banho assistiram um filminho para acalmar. Minha sobrinha se juntou à turma e ficou para dormir em casa também. Meu sobrinho de 2 anos, que começou a andar a poucos dias, queria ficar no meio das crianças de qualquer forma, não queria ir embora não. Era criança para todo lado 7 ao todo.

Hora de dormir, todos deitados, aos poucos o silêncio começou a chegar, os olhos se fecharam e os anjos da guarda puderam descansar. Lembrei-me do sepulcro, da solidão da longa noite, da tristeza dos discípulos, da morte de Jesus. Pensei na realidade sofrida de cada criança e como era bom pode-las abraçar e cuidar.

O dia amanheceu, e a Ressurreição chegou com ele, alegria, Jesus Ressuscitou !

Tivemos um maravilhoso almoço de Páscoa. E neste ano o estandarte foi tecido em nossa alma, por cada criança, por nossos familiares, pela misericórdia de Nosso Senhor Jesus e pelas outras famílias que compartilharam conosco suas experiências de Ressurreição como família acolhedora nesta Páscoa.

Obrigada Senhor, o bordado ficou pronto, os pontos não são iguais, tem tamanhos diferentes, não é perfeito, mas ficou lindo e vai durar para muitas gerações! Amém!

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