sábado, 30 de janeiro de 2016

Ensinar os que não sabem


Meditando sobre as Obras de misericórdia espirituais (leia aqui) que neste ano da Misericórdia estão pulsando em nossos corações, tive um grande desejo de  dividir um pouco da minha emoção em colocar em prática: Ensinar os ignorantes, ou explicando melhor, Ensinar os que não sabem. Esta obra consiste em ensinar os ignorantes em qualquer matéria, não apenas ensino religioso. Este ensino pode ser levado a cabo através de escritos ou da palavra, por qualquer meio de comunicação ou diretamente.

Neste ano de 2016 idealizamos o projeto de voluntariado Super Code #SuperCode, com a proposta de ensinar às crianças e adolescentes do Abrigo Casas Naim SP a Ciência da Computação. Na publicação anterior contei um pouco sobre nossa vivência com as crianças do Abrigo Casas Naim  SP (leia aqui).

 Ensinar conceitos complexos de forma fácil é o nosso maior desafio, mas com a criação de ferramentas de desenvolvimento visuais nos últimos anos como, por exemplo, o Scratch, possibilitou a iniciação de crianças e adolescentes no mundo da programação. Nossa maior preocupação é com a formação profissional de nossas crianças carentes, aprender a programar pode ser uma grande oportunidade para reduzir a exclusão existente. No Brasil e em boa parte do mundo há déficit de profissionais preparados para trabalhar em áreas como programação e TI. 

“Estudo encomendado pela Microsoft diz que 79% dos pais em países desenvolvidos acham que as crianças deveriam ter acesso a ferramentas tecnológicas, e 58% deles creem que a tecnologia amplia a percepção do mundo delas.”

A abertura do nosso projeto foi neste mês de janeiro com a 1a. Oficina de Programação com Scratch (leia aqui) no laboratório de informática do Oratório da Casa Naim SP. Tivemos a participação de 13 crianças eufóricas, curiosas e animadas que superaram nossas expectativas.
Algumas crianças estavam receosas e desconfiadas, não queriam participar, mas com um pouco de insistência e o conselho descolado : "Cara vai lá, experimenta, talvez você até goste, dê essa oportunidade a você", com a Graça de Deus  na hora certa eles estavam lá e se sairam muito bem.

Cachorros dançando na tela ao som de um bumbo, borboletas mudando de cor, um gato dirigindo um carro sport e muita, mais muita criatividade. Eles tem dificuldade de ler e escrever, mas tem raciocínio lógico, inteligência e arte.

Eles são exigentes, não recebi aplausos no final, não ganhei beijo, apenas um deles me disse obrigado, mas todos saíram diferentes de como entraram, me olharam nos olhos com um sorriso nos lábios, o peito estufado e a cabeça erguida, estavam orgulhosos de si mesmo. Respirei fundo e agradeci a Deus por esta oportunidade de servir aos pequeninos, pensei que Jesus sabia o que eu estava sentindo, pois lembrei de sua oração: "Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. " Mt 11:25

Em março começa oficialmente nosso projeto, com menos crianças no laboratório,  divididas em faixa etárias diferentes, com conteúdo adequado para cada idade ,contamos com as orações de vocês para que esse projeto possa render bons e numerosos frutos para vida deles, para a sociedade e para o Brasil. Que Deus dê sabedoria e inteligência para estas crianças conhecerem todos os aspectos da cultura e da ciência (Dan 1:17). 

“Investir em pessoas é o único investimento que paga eternos dividendos.”
Tim Elmore

Versículo Bíblico:
" Os sábios resplandecerão como a luz do firmamento e os que tiverem ensinado a muitos o caminho da justiça brilharão como estrelas por toda a eternidade."
Daniel 1:3

Oração:
Jesus, ajuda-nos a ser canal de tua graça , corajosos, dedicados e persistentes para aqueles que precisam aprender. Amém.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Noites Com Sol



Partilho com vocês um pouco de nossa caminhada como família apoio de crianças do abrigo Casas Naim em SP. 

As Casas Naim é uma ONG mantida à base de doações de pessoas físicas e jurídicas, a ONG também é vinculada à Igreja Católica onde vivem crianças e adolescentes vítimas de maus-tratos, em situação de risco, orfãos e ex-moradores de rua de 0 aos 17 anos e 11 meses.

Conhecemos o abrigo a três anos atrás em um sábado, num evento aberto para um dia de convivência com as crianças.Iniciou com o café da manhã e foi até o meio da tarde. Fomos eu, meu marido, meu filho, meu irmão, minha cunhada e mais dois amigos. Foi incrível a integração com as crianças, algumas se achegaram a nós e ao nosso filho. Todos nós brincamos, foi muito especial. Levamos doações de roupas, chinelos, estojos escolar e várias guloseimas.

Depois deste dia passamos a visitá-los uma vez por mês e fomos nos envolvendo cada vez mais. Após 6 meses, no aniversário de 5 anos de nosso filho , levamos algumas crianças, que em nossas visitas à Casa Naim , tinham se achegado a nós e principalmente de nosso filho, para participar da festinha dele. 
Foi no feriado de Páscoa, ficaram conosco, em nossa casa hospedadas, 3 crianças por 4 dias. Vivemos a mais viva Páscoa de nossas vidas, partilhamos da mesma mesa na quinta-feira santa, vivemos a dor da cruz na sexta feira santa e sentimos a alegria da ressureição no domingo.

Começou sem nenhuma pretensão de ser um projeto, era apenas o aniversário de nosso filho e gostaríamos de trazer algumas crianças da casa Naim para participar da festinha dele. Mas depois desta experiencia, fomos fisgados, uma vez nos mês sem falta eles passam um feriado ou final de semana conosco, alguns nas férias ficaram 9, 10 ou15 dias dependendo da oportunidade.

Fizemos muitas coisas juntos: picnic, festas infantis, visitas a nossa família, fomos a missa, assistimos filmes no sofá de casa, comemos em restaurantes, escalamos, fomos a praia, cachoeiras, andamos a cavalo, cantamos, fomos ao shopping, ao supermercado , ao cinema, ao SESC, ao Teatro, em shows, no parque, na piscina.

Fomos nos adequando, aprendendo, as vezes chorando, muitas vezes rindo, muitas vezes gargalhando. Servimos muito, nos cansamos, cozinhamos, limpamos, arrumamos a bagunça, lemos estórias, oramos, viajamos, passeamos, brincamos, demos muita bronca, pegamos no pé. Já nos arrependemos, nos questionamos, nos revoltamos, nos magoamos, conhecemos, ouvimos, falamos muito, fotografamos, ficamos bravos, perdemos a paciência, aconselhamos mas principalmente aprendemos a amá-los.
 
Ganhamos beijos, abraços e demos cafuné. Fomos acordados a noite e recebemos o pedido " fica comigo tenho medo de trovoada".

Costuramos roupas que se rasgaram, desembaraçamos cabelos, passamos repelente e filtro solar, cortamos a carne do prato, cortamos as unhas, ensinamos a desligar as luzes para economizar, regulamos os doces e os refrigerantes para não dar “dor de barriga”, obrigamos a pelo menos experimentar a comida que não gosta.
Exigimos assumir as coisas erradas,  falar a verdade, respeitar e obedecer!

Temos certeza absoluta que eles fazem mais bem a nós que nós a eles !Então somos gratos ...
As crianças de abrigos são órfãos, de pais vivos e pais mortos, com uma amargura a mais: não ter um ombro para se debruçar para chorar e partilhar o que vai no coração. O sistema de acolhimento institucional não ajuda muito é preciso lutar para transformar um abrigo em algo parecido com um lar, o resultado quase sempre são crianças solitárias e sem referência de família.
Escolhi o título Noites com Sol, em lembrança à musica do Flavio Venturini pois ” certas canções são eternas “:
“Ouvi dizer que são milagres
Noites com sol
Mas hoje eu sei não são miragens
Noites com sol
...
Pode abrir a janela
Noites com sol e neblina
Deixa rolar nas retinas
Deixa entrar o sol”

Para contactar:
Casa Naim São Paulo/SP
Tel: (11) 98731-1547 / (11) 3943-7163
E-mail: casanaim@misericordia.com.br